quarta-feira, junho 21, 2006

efemérides

Quando andava no ciclo e no secundário, não havia dia em que, derivado de alguma conversa ou devaneio meu, não me perguntassem "Estás doida?".
Ora, a periodicidade com que me confrontavam não era o suficiente para perceberem que eu Não Estava Doida?
Se me perguntam todos os dias a mesma coisa, não será já facto consumado que eu não estou doida todos os dias? Será assim tão árdua a tarefa de perceber que eu Sou Doida??

quarta-feira, junho 14, 2006

O céu vestiu-se de luz.
Suprema esta alegria que me transpira na união dos elementos.
Tudo faz sentido agora.

quinta-feira, junho 01, 2006

Prosas

M: ai....perversidades esvoaçantes incontroláveis...
J: incidências das vicissitudes das protuberâncias
M: protuberâncias essas controladoras de inconsciências
J: mas as inconsciências inconstantes das perversidades
M: fazem simples palavras construir perversidades, desejos...apenas sonhos talvez
J: devaneios moribundos
M: incertos e tímidos de correspondência
J: relatos amargos votados ao banal das formas
M: retratos magros vetados ao real das normas
J: reminiscências largadas ao suave aroma de um pêndulo teimoso e desafiador
M: que não aprende, por mais que comande
M: temerária estonteada, foges tu de um dos pêndulos?
J: arrogante e audaz, não fugiremos de todos?
M: consciente eu, só foge de um...do outro é impossível fugir?
J: por ventura será regra o que proferes?
M: não...apenas conduta própria esperançadamente não seguida por vós
J: pois que amiúde se dá azo a casos de estranha e nenhuma resolução
M: resolução será insignificância, se vontade no azo existe
J: mas cada ensejo nos submete ao mais sublime tiquetaquear do percurso que nos prescreve
M: pois que se de vida vivemos, irascível será o pêndulo que não pára
J: mas qual engenho que eleva almas carecentes, assim a vontade se engrandece nas simples normas que marcam a existência
M: demência?? insistência? reles carnalidade??
J: usurpação dos dados de arestas limadas, reles preconizadores da trapaça que o sustentáculo nos devolveu na génese
M: solvências serão vertigem da certeza, madrasta da imperfeição, que deixa o ser ensimesmado
J: remeti-me à insânia de tudo amar, um dia, cujos frutos apodrecidos jazem num pavimento que nada gera
M: perdi-me na carnalidade animal de um só prazer, uno mas geral, perdido nas arcadas semelhantes da sensibilidade
J: é na veemência de actos tresloucados que concebe o estranho ardor que da alma tomba
M: algo que sucumbe, algo que estralhaça...e a mordaça é não saber, é não tentar saber um pouco
J: a ignorância rende a cobardia nesse sistema tão fútil e demarcado que é a consciência
M: e um pêndulo foge e outro cresce, ambos na ignorância de sentido
J: porque se remetem à inconstante e efémera sensação de que o descanso não trará um peso imaterial
M: tentantes instrumentos utilizam em formas constantes, e continuam a tentar, até que a certeza ganhe clareza
J: a certeza forma-se num vácuo e a incógnita desflora repetidas vezes a lembrança de prosas de outrora expandidas no crasso aroma de quem não esteve presente
M: toldam-se visões por nano métrico sentir, batalhas da vontade e da pertinência deflagram de instante em instante
J: o molde consistente e renunciador da sanidade percorre em lava a semente instigada dum nado morto
M: e uma pequena alma persiste repleta de gravidade, colada ao chão, e alimenta cães famintos com pedaços de si mesma, pelas ruas do tempo
J: saboreio a dormência de subsistir nesse laivo que me submete à temeridade de encarnar cada máscara como se do meu rosto se tratasse
M: são exércitos meu senhor, e músculos que não desistem
J: os músculos são suaves prantos no âmago reconvertido e dissimulado do que não se revela
J: de seguida rumo ao vastíssimo palco de variedades etéreas
J: vou dar de fuga, companheiro de demência fora d'horas

M: bem, paixão platónica do meu coração, vou dormir....
qualquer dia combinamos aí umas sessões de criação....
J: imagético-verbal?
M: sim.....é tudo que nos resta, não?
J: creio que
M: vá......beijocas ternas