terça-feira, julho 20, 2010

às vezes

as noites são gatos embalsamados
montinhos pardos abandonados
à nascença

no nexo amoral da saudade
encabeçam a guerrilha da penúria
mas quanto não valem
dois bichanos esborrachados
no asfalto oblíquo da virilidade
dois ou três
talvez

na praça

já ninguém nomeia os gatos
são grãos de peste
linguarejo agreste

quando aperta a hora do telhado
nem mares de gente
nem um soalho
valem a espinha
ou a sardinha
numa ombreira rente
ou na janela
da cozinha
desocupada
embora às vezes
trancas à porta
porta truncada