terça-feira, março 16, 2010

da discalculia fenomenológica do amor

consumada está esta nossa tarefa de fornecer amor e seus artifícios excretados, sra. X. escrevo-te neste desfecho mais que adivinhado, analogando ao suicida que se furta à multidão e aparece desidratado aos pedaços dez anos após. vão desponta tal encargo pois que lida vos não sou.

dirijo-ta como derradeira, sra. X, a vacuidade a mais não me permite. que emerja que só vos quero todo o bem que um músculo fotossintético consiga espargir, conquanto lancetado. a verbalização fica-se por um terço do cuspido na banheira. tudo revejo dislexicado, deseslexicado.

que saibas apenas que te amei como quem ama e quer morrer por não suportar a exaustão de se ser tão deslocado do mundo. pois que o supracitado me subtraiu as pernas. e sendo-me menos, submeto-vos e a mim ao silêncio intemporal das esferas. seja o hiato o lugar desmembrado e amarelo do bivalve que fôramos.

despeço-me assim, sra. X, não no virtual papel em que me adivinhava discorrida embora tal intento nado-morto; mas de vós e de mim, mais de nós.

do que não fomos um dia porque o amor nunca é suficiente.