domingo, julho 25, 2010

verborreia domingueira ou outra coisa qualquer

a casa é um banco manco
onde me sentava nas tardes de inverno
no lar do não muito lar
em que esperava que o meu avô
soubesse dois dedos da minha cara
mas da trombose à testa
poucos dedos são os que sobram
se não presencialmente
ao menos na senda da mobilidade
mas se o cérebro é desprovido de vontade
dois dedos são gastos na barbearia
ou na barbárie da lâmina na cara
e a minha
menos provida de superfluidade capilar
não foi tocada
ou reconhecida
tão menos que um cacho de bananas
bodas de ouro desfocadas
apenas focalizadas para a missão
o destino cumpre-se
o papel assinado
seis sobremesas enfardadas pelo abade
e eu a não saber
que a família é o eterno jugo
sem uma ponta de sobriedade
ébria nas pontas
e feitas as contas
nem a heráldica nos vale
nada nos vale
se nem esse vale
de pedra
de febre e segredos
de fendas e cubos e tiras
de um coração só remendado
cosido à pressa
escalfado à pressa
a linhas rombas
e já só fica a excisão social
e um manco banco em que ninguém se senta
não vá a teoria lunática do alemão
consagrar a tumba precoce
matas-te
não te matas
o destino é assinado
faça chuva
ou faça bruma