quarta-feira, março 09, 2005

Os olhos e os dedos

Se para dentro se viram os olhos quando na alma escorrega e se espalha a vida, assim se vira e chove, para fora, esse sal acumulado não se sabe bem onde. Certos gestos ficam-se por discretos ensaios, pouco perceptíveis. Mas a vontade fica-se pelos meios, a pele ruboriza. Os dedos teclam algarismos memorizados: codificam e descodificam, entre algumas metáforas e uma afirmação mais arriscada e séria, aquilo que se adivinha mas teme, de tão arriscado e sério que é. Não sei em que furo se colocarão as verdades ou até que ponto serão legítimas. Tanto o que se fala mas tão pouco o que se escuta! Porque escutar corrói os ouvidos, desfragmenta a cartilagem e desfaz todo o aparelho! Mas os olhos, esses, são testemunhas de grandes doses de letras, verdadeiras ou não muito, letras em forma de palavras que, arriscada e seriamente, vão revelando uns enigmas, dissimulando outros, e as teclas ganham voz, mentem, mentem tanto e choram porque dizem o que não sentem e arrependem-se e choram porque o que dizem não faz nenhum sentido...

1 comments:

Anonymous Anónimo said...

E agora que já foi reconhecida a escrita...e ja se sonorizam os posts e tudo...mais um pouko e vou as bancas da FNAC comprar um exemplar..dps kero um autografo...

17.3.05  

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