sexta-feira, agosto 21, 2009

5. este é para...

a Joana Banana!



porque te amo mais do mundo!

quinta-feira, agosto 20, 2009

ao anónimo criador

toda a gente anónima tem 37 anos e existe alfanumérica
toda a gente não pensa muito mas há quem pense demasiado
hoje acabando e amanhã que desponte que não é aniversário de ninguém
amanhã cuidem-se os miúdos que os outros pouco se ensaiam
o mundo é cozinhado a linhas baratas
a substantivada merda se enaltece e vangloria por ser a maioria
somos cozinhados a linhas baratas
tão pouco somos no tacho do mundo
mas cozinhados todos somos
e o mundo pouco se encolhe
porque os miúdos encolhem na centrifugagem do mundo

- quais peças de linho encarnadas a 90º -

do amor II

Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.

O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.

O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.

O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

Miguel Esteves Cardoso - Elogio ao amor

4. este é para...

a Sofia Tufi!


Moebius

porque me foi dado a conhecer esse ser alado e é premente que ela rasgue o éter e nele se funda.
contanto a possamos guardar no bolso do coração :)

os objectos

primeiro, o chavão:

Se as pessoas são para amar e os objectos para usar, porque continuamos a amar os objectos e a usar as pessoas?

depois, o objecto:



copa mundial - o único objecto por que me apaixonei um dia

o senhor que escreve #1

dizem que em sua boca se realiza a flor
outros afirmam:
a sua invisibilidade é aparente
mas nunca toquei deus nesta escama de peixe
onde podemos compreender todos os oceanos
nunca tive a visão de sua bondosa mão

o certo
é que por vezes morremos magros até ao osso
sem amparo e sem deus
apenas um rosto muito belo surge etéreo
na vasta insónia que nos isolou do mundo
e sorri
dizendo que nos amou algumas vezes
mas não é o rosto de deus
nem o teu nem aquele outro
que durante anos permaneceu ausente
e o tempo revelou não ser o meu


Al Berto - A invisibilidade de deus

quarta-feira, agosto 12, 2009

Pronto!

Não resisti!

"...vou até mudarunumerô do telééémóóóóvel parátuavózeununca mais óviire!!"

3. este é para...

o Pato!!



por razões óbvias ;)

sexta-feira, agosto 07, 2009

do amor

e dos espaços que ele ocupa.
tantas vezes te procuro escrita sobre nós.
dos elos e dos dedos.
"por querer mais do que a vida".
latejam os dias ao sol.
dilatam.
colados à expansão.
coagulados.
guardo o teu cubo ao sol.
no bolso dos cubos.
o meu bolso ao sol.
a comportar-se absurdamente.
que de tão pueril se desfaz.
e chove.

quarta-feira, agosto 05, 2009

cá vos esperamos!



Ska-p, na Festa do Avante, dia 6 de setembro 2009

não me censurem a alegria, os sonhos podem ser pequenos mas isso é a vida :)

terça-feira, agosto 04, 2009

2. este é para...

...todágente! :D

Amanda Palmer & Margaret Cho double-team Katy Perry LIVE! from petrie electra on Vimeo.



- obrigada, MM, por me dares a conhecer esta pessoa tão genial -