segunda-feira, novembro 17, 2008

reminiscência

Quanto mais tempo vais tentar tu durar?
Quantos mais dias irás tu tentar permanecer indomável, fria, diferente, indiferente?
És um mutante!
És o produto inacabado da misantropia das bestas, dos renegados, dos náufragos!
És o claustro e a liberdade vistos de baixo!
És a praga, a peste, o inferno!
És a monumental enxaqueca que habita nas cabeças dos perfeitos!
És o gato preto de irmãos brancos, és a certeza da existência da pedra no sapato!
És a sociedade abissal, és o aneurisma, o anormal!
Enterrem este osso!

abril 02

quarta-feira, novembro 12, 2008

'...não me venhas falar de amor...'

sexta-feira, novembro 07, 2008

5|6 . 11. 08

I don't believe in an interventionist God

But I know, darling, that you do

But if I did I would kneel down and ask Him

Not to intervene when it came to you

Not to touch a hair on your head

To leave you as you are

And if He felt He had to direct you

Then direct you into my arms


Into my arms, O Lord

Into my arms, O Lord

Into my arms, O Lord

Into my arms


And I don't believe in the existence of angels

But looking at you I wonder if that's true

But if I did I would summon them together

And ask them to watch over you

To each burn a candle for you

To make bright and clear your path

And to walk, like Christ, in grace and love

And guide you into my arms


Into my arms, O Lord

Into my arms, O Lord

Into my arms, O Lord

Into my arms


And I believe in Love

And I know that you do too

And I believe in some kind of path

That we can walk down, me and you

So keep your candles burning

And make her journey bright and pure

That she will keep returning

Always and evermore


Into my arms, O Lord

Into my arms, O Lord

Into my arms, O Lord

Into my arms


Nick Cave - Into my arms

quinta-feira, novembro 06, 2008

O.M.E.M.

"Conhecemos apenas uma pequena fracção da história do homem sobre a terra. É um inventário longo, enfadonho, doloroso, de transformações catastróficas que em alguns casos provocaram o desaparecimento de continentes inteiros. Contamos esta história como se o homem fosse uma vítima inocente, um participante desamparado, sem culpas das revoluções erráticas e imprevisíveis da natureza. Talvez o tenha sido no passado, mas não o é agora. Tudo o que acontece hoje na Terra constitui obra dos homens. O homem demonstrou que é senhor de tudo - excepto da sua própria natureza. Atingiu o grau de consciência que não lhe permite já mentir a si mesmo. Se ontem era uma criança inocente, fruto da natureza, actualmente é uma criatura responsável. A destruição é agora propositada, originada por ele. Estamos no nodo: podemos avançar ou regredir. Temos ainda a possibilidade de escolher. Amanhã talvez não. É por nos recusarmos a escolher que nos sentimos cheio de culpa, todos nós, aqueles que desencadearam a guerra e os outros. Estamos todos possuídos por uma fúria assassina. Desprezamo-nos uns aos outros. Odiamos o que vemos, o nosso rosto, quando fixamos os olhos em outrem.

Qual a palavra mágica própria de um momento como este?
Paz? Coragem? Paciência? Fé?
Nenhuma destas palavras já serve, receio. Gastámo-las pronunciando-as sem lhes atribuirmos um sentido. Para que servem as palavras se o espírito que está por detrás delas se encontra ausente?

Todas as nossas palavras estão mortas. A magia está morta. Deus está morto. Os cadáveres empilham-se em torno de nós. Muito em breve impedirão que os rios corram, encherão os mares, inundarão os vales e as planícies. Talvez só no deserto seja o homem capaz de respirar sem ser asfixiado pelo fedor da morte."

Henry Miller - THE AIR-CONDITIONED NIGHTMARE