quinta-feira, maio 26, 2005

Riscas

Há dias em que as riscas se fazem e desfazem em figuras. Como se riscas e sombras me puxassem os olhos e me obrigassem a ver coisas que não existem, que não estão lá. E no entanto, eu vejo e lamento-me por estar agora sozinha e não poder partilhar esta visão com mais alguém.

As riscas são simples traços, conjuntos de pontos imperceptiveis ao olho nu. As minhas riscas vão vergando e largando o infinito que acreditavam querer atingir. Simplesmente perceberam o quão belas ficam unindo pontas desconhecidas e ignorantes da existência umas das outras e formam bolhas de riscas e assim moldam os meus sonhos que estão, sinto agora, a mudar de tonalidades e feitio.

terça-feira, maio 17, 2005

"...nada teu exagera ou exclui" (RR)

Nada será óbvio e concreto, na soma dos espaços ocupados no vazio. Vão sendo vagos e eu já nem ligo porque quase nem sinto e quase-quase nem me dói! Não penso que te definam os gémeos nem acreditaria numa tal relação alma-corpo, como se tudo o que és se resumisse à pele e osso. Nem tão pouco te distingo de um qualquer outro ser, bivalve ou ovíparo, seja... sejas tu a soma gota-a-gota, o esgar, esse fechar tão profundo de olhos, de quem não quer ver o mundo para não ter de sabê-lo vivo e de crosta irregular. Sinto-me quedada à ignorância, revestida daquilo que não sei e nem me interessa porque quase nem me lembro e quase-quase nem nunca soube! Repara como erro e neologo e só eu percebo porque estou cá dentro! E não, não te espero revelada, num contraste obtuso de toda a imagem que criei de ti, em areia ou de migalhas no caminho, puros os elementos ou embebida em desorientação! Não que saiba da chave... e o meu mapa perdeu a tinta... dúbias estas horas que não passam porque quase nem sabem quem são e quase-quase nem querem saber!