sábado, abril 24, 2010

'you know,

i used to live alone before i knew you'

h.

.:.¨

a casa abandonada de postigos pendentes
onde se deitam os okupas
e se deleitam, intermitentes

reservado o direito de admissão
a entrada forçada
e um peito de salvação aguardado

o lar enegrecido e já queimado
todos visitam ninguém permanece
de tão emudecido apocopado armilar

a renda exacerbada na bolsa
cotada entrecortada e tão tão elevada
bolça a alma e rende o corpo

nada, na verdade, rima
ou ritma
despir e tricotar o léxico
como o fazem casas e prédios
camas lacónicas mas substanciais
como só o abandono voluntário faz
ou a fuga
a espuma dos dias tecida a barrigas e dedos
nada o faz genuinamente
tão vomitado e tão quente
[quase até desprezando adverbialmente]
as frases
os poemas
os rios e as margens
como o faz esse edifício
onde ninguém habita
tempo suficiente
para aproveitar os alicerces bem-fadados
e deixar, restaurados
os muros
as portas
os quartos desenquadrados

ii

consta que o amor morreu
nunca ninguém sabe o certo ao certo
quem conta um conto...
parricídio suicídio
compassiva eutanásia
aborto retroactivo
dramática eugenia
fora de tempo
[ninguém tem tempo]

mal e porcamente definível
o amor
foi encontrado
qual envenenado roedor no visco
destilando pestilento
afogado sem bóia
no próprio melanema

terça-feira, abril 20, 2010

consectário

um dia será mesmo.

breve apontamento iii

sempre que estou contigo é como se fosse a última vez.

i

o amor deixou-se morrer
tudo recusou
diálise
radioterapia
neurocirurgia
cuidados paliativos
morfina e apartamentos amarelos
de vãos de escadas vãs

deixou-se economicamente escalpar

sexta-feira, abril 16, 2010

<>


enki bilal - rendez-vous à paris

[aqui à beira orgasmam-se com a fauna]

isto era suposto ser um texto para ti
uma ode ao teu horizonte vertical
uma exortação ao teu tão cheio de ti

algo era suposto
mas se te leio analfabetizo
inepto-me

não sei
parece-me tudo tão grande para caber em tão pouca pele

*everyone knows

the last toes are always the coldest to go*

t.m.v.

60 % algodão 40% nylon

_és completamente sintética, joana.
_não, sou 60% analítica.

quinta-feira, abril 15, 2010

o submencionado

não exactamente por esta ordem

love found match lost

*If your pleasure turned into pain, I would still lick for my personal gain*

segunda-feira, abril 12, 2010

:¨.



que deleite essa tua insipiência!
nutrindo a alma de almas vãs
quase não dormes
quase não comes
amorfa insonsa
ocasionalmente

ora! definir não se te é problema!
pois que nada o é
nem definido
tampouco problema
quando e se gasta estás
de um verde concúbito
de origem demarcada
v.q.p.r.d.
de tão raro se não bebe
de tão precioso se colecciona

intocável versão
podia fazer um cardápio de fêmeas!
não te apraz, quase-rapaz?
manifestas e repreendes-te
a voz alta é a da frustração
não a da verdade

e enfim a que te equivales?

tu, uma inapta sexual
ela, uma assexuada visceral
por correspondência
a amar três paralelas abaixo
ainda que na ausência

numa manhã quase perfeita
em que dormiste na esplanada
explanaste-te
a acreditar que talvez o amor possa existir um dia
felizmente percebeste que não a tempo
e desta vez não morreste
mais uma vez

reminiscência #?

Penso não haver muito mais sanidade para o saneamento. E a breve semi-breve, tão leve, leva-me a mim e ao resto e mais não resta senão o restolho de um sobrolho que sobrou, mais uma vez! Vês? Agora é que é a tua vez e não antes, sua anta! Antigamente qualquer um servia, até o mais servo dos cervos! Mas agora aguenta a agonia do Agá! O Agá do Hoje, o Agá do Homem e os Agás do Homem de Hoje!
Na hora H!