quarta-feira, novembro 30, 2005

SANGUE FRIO

Tu nunca choras ao ver sangue
Tu nunca sangras quando sofres
Guardas a dor dentro do cofre
Se alguém decifra o segredo
E se pica no teu ferrão azedo
Tu lambes-lhe o sangue do dedo
Tu nunca choras ao ver sangue
Tu nunca ficas transparente
És daquela raça tão rara
Que tem no olhar o gelo quente
Se alguém te atinge o coração
Aguentas o baque
De frente
E sentes uma oscilação
Defendes-te com uma paixão competente
E encarnas tão impunemente
A pele de um animal de sangue quente
Que ama a sangue frio
Tu nunca choras ao ver sangue
Tu nunca ficas transparente
És daquela raça tão rara
Que tem no olhar o gelo quente
Gelo quente
Quente e frio

Carlos Tê/Clã

terça-feira, novembro 15, 2005

ono

rir rir rir rir rir
como se na horizontal doesse menos desancar nas fibras. "onomatopaica?"?
em caixa baixa (baixiiiiinho) meti as mãos pelos pés. não acreditas? não viste...nunca vês.
de que se colora a cor das quatro da manhã sem chuva?
("detesto o frio..."...)...(adoro!)
tenho o pijama molhado. choraste aqui? dei conta de algo, pensei que o tecto desabasse em junhos e pedras e azulejos feios.
vi a minha vida aos losangos.
que tédio doer tão pouco! ("porque não te dói só mais um bocadinho?")
queria chover no teu pijama, também. deitar na barriga, olhar no búzio do umbigo (cheir-a-mar).
cheir-à-chuva.... ri tanto e tão sozinha que os músculos alastraram porquê não sei mas sei que já chov-a-qui..
abri a concha sem pérola d'ostra. saí da casca.